6 de dezembro de 2005

Vegetarianismo e Religião


Todas principais escrituras religiosas recomendam que o homem viva sem matar desnecessariamente. O Velho Testamento instrui: "Não matarás." (Exodo 20:13)
Isto tradicionalmente é interpretado de modo errôneo como referindo-se apenas a assassinato. Mas o Hebraico original é lo tirtzach, que traduz claramente: "Não deveis matar." O Dicionário Completo de Hebraico/Inglês do Dr. Reubem Alcalay diz que a palavra tirtzachm especialmente no emprego hebraico clássico, se refere a "qualquer tipo de matança", e não necessariamente a assassinato de seres humanos.

Embora o Velho Testamento contenha algumas prescrições para comer carne, fica claro que a situação ideal é o vegetarianismo. Em Gênesis 1:29 encontramos o próprio Deus proclamando: "Vede, Eu vos dei toda árvore que dá ervas, e que os frutos dão sementes, e que vos serão como carne." E em livros posteriores da Bíblia, grandes profetas condenam comer carne.

Para muitos cristãos, obstáculos maiores são a crença que o Cristo comia carne e as muitas referências à carne no Novo Testamento. Mas o estudo minucioso dos manuscritos originais gregos demonstra que a vasta maioria das palavras traduzidas como "carne" são trophe, brome e outras palavras que simplesmente significam "alimento" ou "comer" no significado mais amplo.
Por exemplo, no Evangelho de São Lucas 8.55 lemos que Jesus ergueu dos mortos uma mulher e "ordenou que lhe dessem carne". A palavra grega original traduzida como "carne" é phago, “o que significa somente comer”. A palavra grega para carne é kreas (carne), e nunca é usada em conexão com Cristo. Em nenhum lugar do Novo Testamento existe qualquer referência direta a Jesus comer carne.

Em Thus Spake Mohammed (a tradução do Hadith por Dr. M. Hafiz Syed), os discípulos do profeta Maomé lhe perguntam: "Na verdade existem recompensas por fazermos o bem aos quadrúpedes, e dar água para eles beberem?" Maomé responde: "Há recompensas para beneficiar cada animal”.

O Senhor Buda é particularmente conhecido por Sua pregação contra matança de animais. Ele estabeleceu ahimsa (não-violência) e vegetarianismo como passos fundamentais na senda da auto-consciência e falou as duas seguintes máximas: "Não abatam o boi que ara os campos." e "Não se entreguem a uma voracidade que envolve a matança de animais."

As Escrituras Védicas da India, que antecedem o budismo, também frisam a não-violência como fundamento ético do vegetarianismo. "A carne nunca pode ser obtida sem lesar criaturas vivas", declara o Manu-samhita, o antigo código de leis indiano. "Que portanto se evite o uso da carne".
Em outra seção, o Manu-samhita adverte: "Tendo considerado bem a repugnante origem da carne e a crueldade de prender e matar seres corpóreos, que se abstenham de comer carne." No Mahabharata (o poema épico que contém 100.000 versos e é dito ser o mais longo poema no mundo), há muitas injunções contra matar animais.
Alguns exemplos: "Aquele que deseja aumentar a carne de seu próprio corpo comendo a carne de outras criaturas vive na miséria em qualquer espécie em que vá tomar seu nascimento"; "Quem pode ser mais cruel e egoísta que aquele que aumenta sua carne comendo a carne de animais inocentes?" e "Aqueles que desejam possuir boa memória, beleza, vida longa e saúde perfeita, e força física, moral e espiritual, devem abster-se de alimento animal."

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